Dia 18 de Junho de 2018, nosso segundo dia em Berlim.
Começamos o dia visitando a famosa Praça Gendarmenmarkt, a Praça da Catedrais gêmeas de Berlim.
Gendarmenmarkt fica localizada no centro histórico de Berlim. É considerada por muitos Berlinenses a praça mais bonita da cidade. Na praça existem três imponentes, lindos e harmoniosos edifícios, sendo que dois deles são praticamente idênticos: no centro a Konzerthaus (Casa de Concertos), a direita a Französischer Dom (Catedral Francesa) e a Deutscher Dom (Catedral Alemã). No centro da praça fica a estátua do poeta Friedrich Schiller, que foi feita por Reinhold Begas e inaugurada em 10 de novembro de 1871.

Konzerthaus (Casa de Concertos) – A Casa de Concertos é o mais novo dos prédios que se encontram no Gendarmenmarkt. Foi construída e inaugurada durante o século 19. Com uma localização perfeita, é sede da Orquestra Sinfônica de Berlim
Französischer Dom (Catedral Francesa) – A Catedral Francesa é a mais antiga das duas catedrais e foi construída pela comunidade huguenote entre 1701 e 1705 com base no desenho de Jean Louis Cayart. Entretanto não possuía a torre que tem atualmente, que foi desenhada por Carl von Gontard e só foi adicionada em 1785 na época que a praça estava sendo remodelada. Muito danificada durante os bombardeios da Segunda Guerra, passou a ser reconstruída à partir de 1977.

Deutscher Dom (Catedral Alemã) – A Catedral Alemã fica em frente da Catedral Francesa, do outro lado da praça. Foi desenhada por Martin Grünberg e construída por Giovanni Simonetti entre 1701 e 1708. Assim como a Catedral Francesa não possuía torre no desenho inicial. A torre foi desenhada por Carl von Gontard e adicionada entre 1780 e 1785. Completamente destruída durante a guerra, passou por um extenso trabalho de restauração e somente em 02 de outubro de 1996 foi reaberta. Desde então funciona como um museu com exibições sobre a história da Alemanha.

Saindo da praça Gendarmenmarkt, fomos caminhando até o famoso Checkpoint Charlie BlackBox , um dos pontos turísticos mais visitados de Berlim.
Um espaço ao ar livre, dedicado à Guerra Fria, com exposições de fotografias e painéis informativos sobre os acontecimentos daquela época, sobre o Checkpoint Charlie, sobre o aperfeiçoamento do controle na fronteira, as fugas e tentativas de fugas e também sobre a queda do muro de Berlim.
Com a rendição da Alemanha, em 8 de maio de 1945, os Países Aliados reuniram-se em Potsdam, entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945, a fim de decidir o futuro do país derrotado. Assinaram a Conferência de Potsdam, que dividiu a Alemanha em quatro zonas, ocupadas pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética. A capital alemã, Berlim, foi também dividida entre as quatro potências.
O Chekpoint Charlie era um dos postos militares de Berlim, que ficava entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental, durante o período da Guerra Fria. Ficava localizado exatamente entre a Rua Friedrichstrasse e Mauerstrasse, fazendo a ligação entre o setor americano e o setor soviético. Ele foi construído com a construção do Muro de Berlim, com o intuito de controlar as passagens dos diplomatas e membros das Forças Armadas.
Isso porque após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha permaneceu sobre forte influência internacional. Os vencedores da guerra dividiram o país em vários pedaços. As áreas que ficavam sobre a influência dos Estados Unidos, Inglaterra e França, os capitalistas, formaram a RFA (República Federativa da Alemanha), ou Alemanha Ocidental. A parte que ficou sobre influência da URSS, os comunistas, formou a RDA (República Democrática da Alemanha), ou Alemanha Oriental. Um dos impasses para as definições do pós-guerra era a questão de Berlim, pois a capital ficava totalmente dentro do território de influência da URSS. Como Berlim era o símbolo maior de poder da Alemanha, a solução negociada foi dividir Berlim da mesma forma, ou seja, parte da cidade sobre influência de Estados Unidos, Inglaterra e França (Berlim Ocidental) e parte sobre influência da URSS (Berlim Oriental).
Na madrugada de 13 de agosto de 1961, o governo da República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) começou a construir um muro de arame farpado para separar a Berlim Ocidental da Oriental. Oficialmente, o objetivo era manter os habitantes da parte pertencente a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) fora de sua área de domínio e assim evitar que ‘fascistas’ tentassem sabotar o lado comunista. No entanto, era grande número de moradores de Berlim Oriental que diariamente se mudava para a parte capitalista que os comunistas queriam acabar. Estima-se que cerca de 3,5 milhões de pessoas desrespeitaram as normas de emigração e deixaram a República Democrática Alemã antes da construção do muro.
Oficialmente chamado de Muro de Proteção Antifascista, a barreira tinha 66,5 km de extensão, 302 torres de observação e 127 redes metálicas electrificadas.
Ainda em 1961, dez dias após a construção do Muro de Berlim (Berliner Mauer), foram definidos 8 pontos de travessia: 7 em ruas e um na estação de trem Friedrichstraße. Dentre estes, o Checkpoint Charlie era a principal entrada para diplomatas, jornalistas e estrangeiros. Além disso, era ali que membros das forças armadas aliadas (Americana, Britânica e Francesa) registravam-se antes de atravessar para Berlim Oriental.Os vistos podiam ser concedidos apenas aos moradores do lado ocidental e tinham validade de um dia.
No Checkpoint Charlie ficava a patrulha de militares da Alemanha Oriental que, acompanhados de seus cães de guarda, tinham ordens para atirar naqueles que tentassem atravessar. Tal ordem ficou conhecida como “Ordem 101”, ou Schießbefehl, em alemão, e resultou na morte de 136 pessoas entre 1961 e 1989, ano da queda do muro. Cerca de outras 200 ficaram feridas e 300 foram presas, mas, ainda assim, 5.000 pessoas atravessaram de Berlim Oriental para Berlim Ocidental ao longo dos 28 anos em que o muro dividiu a cidade.
O dia 9 de novembro de 1989 marca a queda do muro, que foi destruído pela própria população quando o Partido Comunista da Alemanha Oriental anunciou, após um longo processo de negociação com o mundo ocidental, que a população poderia atravessar a fronteira para a República Federal da Alemanha livremente. No entanto, a muralha só começou a ser oficialmente demolida em 13 de junho de 1990.
A queda do muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, foi comemorada no mundo capitalista, pois representava a derrota do comunismo e a proximidade do fim da polarização do mundo.
O Checkpoint Charlie era o terceiro posto militar utilizado pelos aliados, e por isso começa com a letra C, seguindo a ordem alfabética. O primeiro posto era o Checkpoin Alpha e o segundo posto era o Checkpoint Bravo. Quando o Muro de Berlim foi derrubado, o posto foi removido, em 1990. No entanto, a cabine do posto foi deslocada e hoje fica no Museu dos Aliados. Mais tarde, por volta do ano 2000, uma nova cabine foi colocada no local original com intuito de reproduzir a história. É interessante observar as placas que ainda se mantêm dizendo quando você passa do setor americano para o soviético.
Seguindo pela avenida Zimmerstrabe, por onde passava o muro de Berlim, nos deparamos com outro local, hoje histórico, mas que por muitos anos foi símbolo do terror na Alemanha, em Berlim e no mundo todo.
Chegamos a Topografia do Terror. Atrás de um pedaço do muro de Berlim que se mantém praticamente intacto se encontra o espaço onde está a Topografia do Terror, um lugar com uma história impressionante, com murais contando toda a trajetória do capitulo mais triste da história mundial.
Ali, em 1933, um edifício neobarroco se tornou a sede da temida GESTAPO, a Polícia Secreta do Estado. Os que se opunham ao regime de Hitler acabavam ali, onde eram submetidos a interrogatórios e contínuas torturas nos porões do edifício.
Hoje é um museu que expõe um pouco sobre o partido nazista e seus integrantes, desde o início, quando eles estavam chegando ao poder. Mostra também as atrocidades que foram feitas nos campos de concentração.
A exposição é composta por fotos, artigos de jornais, revistas e vídeos que mostram o caminho do partido nazista de 1933 a 1945.




Um dia que marcou a historia – O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha, principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros (ou suas cinzas) se acumulavam nas praças. Hitler e seus comparsas pretendiam uma “limpeza” da literatura.Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes.
A Gestapo e toda sua organização foi dissolvida por decreto do general Dwight Eisenhower, comandante das Forças Expedicionárias Aliadas, no dia 7 de Maio de 1945. No Julgamento de Nuremberga, a Gestapo foi considerada uma organização criminosa ficando proibida em toda a Alemanha.
Nosso dia em Berlim, dedicado a este pedaço da história ainda estava longe de acabar, daqui pagamos o trem e seguimos para Oraniemburg, onde visitaríamos o Campo de Concentração de Sachsenhausen.
Mas esse pedaço vou deixar para contar em um outro post.
Até mais.